Na sexta-feira (dia 6) o céu de São Roque, no interior de São Paulo, ganhou ainda mais vida e novas cores. É que 66 aves, dentre elas Coleirinhos e Corujinhas-do-Mato, foram devolvidas à natureza, de onde jamais deveriam ter sido retiradas.
Trata-se de mais uma ação de soltura realizada pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) de Barueri, ligado à Secretaria de Recursos Naturais e Meio Ambiente (Sema). A soltura ocorre após intenso tratamento e reabilitação das espécies, que chegam ao local vítimas de tráfico, resgate ou entrega voluntária.
Um presente
O Cetas de Barueri foi escolhido para inaugurar uma nova Área de Soltura e Monitoramento de Fauna (ASMF) homologada pela Semil (Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo).
O local, que é uma propriedade particular, dispõe de uma grande área de mata preservada e dedica-se à proteção de diversas espécies, dentre elas aves, mamíferos e peixes.
De acordo com Erika Sayuri Kaihara, bióloga e gestora do Cetas, foi uma honra receber esse convite, assim como é motivo de comemoração a chegada de mais uma ASMF.
“O Estado dispõe de poucas áreas de soltura. Além dos animais de resgate que retornam ao local de origem, os animais de tráfico, ou seja, que a gente não sabe a procedência, só são soltos mediante autorização do Estado, e essa autorização vem para áreas de soltura homologadas. A gente precisa de muitos locais para não sobrecarregar uma área só”, diz Erika.
“Geralmente é uma pessoa física que precisa dispor do dinheiro para fazer o cuidado no pós-soltura e o monitoramento, e são poucos que conseguem sustentar isso. Quanto mais lugares, melhor”, explica a bióloga.
O biólogo responsável técnico de toda a área de fauna da propriedade, Antonio Miranda Fernandes, conta que a homologação veio há menos de um mês.
“Hoje a gente está inaugurando a área de soltura e como sou parceiro do Cetas com a minha área de soltura em outros lugares, decidi presentear o Cetas de Barueri com essa área, que foi homologada há uns 20 dias”, detalha o especialista.
Quando questionado sobre a importância do trabalho realizado ali, Antonio nem titubeia. “A gente se preocupa com a recomposição da fauna. Como a fauna é muito ameaçada, a gente tenta, em parceria com o Cetas, recompor essa fauna que foi de alguma forma depredada – ou por caça, ou por colecionadores -, porque lugar de animal silvestre não é em gaiola, e sim na natureza”, frisa o biólogo.
Um tour pela natureza
Muito bem recebida, a equipe do Cetas foi levada a um tour pela propriedade, de beleza exuberante e cujo trabalho de preservação deixou a todos muito admirados. Uma trilha em madeira que circunda o terreno permite um rico passeio por dentro da mata entre uma enorme diversidade de flora, biomas e até espécies inusitadas, como emas, pavões, lhamas e vários outros animais, além de um grande viveiro de aves onde brilham lindas araras azuis, pica-paus e dezenas de outros pássaros.